Saturday, June 03, 2006

SUDESTADA EM FLORIPA

Hoje todos foram unânimes em dizer que as ondas estavam grandes em Floripa. Começando pelo Rocha que já dizia cedo que as ondas estavam com 2 metros e subindo, o que ele confirmou em seu terceiro surf report as 11:30, quando complementou dizendo que elas estavam com 2 metros, pesadas e difícil de varar a rebentação. Mais tarde fui informado que vários times de tow in estavam treinando pela manha na Joaca para o I Campeonado Brasileiro de Tow in na Lage de Jaguaruna a se realizar nestes dias.

Passando pela Praia Mole podemos ver a força do swell e ninguem na água

A maré estava subindo e seria cheia as 14 horas, quando fui checar os molhes da Barra da Lagoa que estava bombando. Chegando na praia, vi que a ondulação estava de sudeste, mas com uma inclinação para o leste. Não era uma lestada, mas uma “SUDESTADA”, pois as ondas estavam entrando no canto direito atrás dos molhes na Barra da Lagoa.

Precisamos dizer que esta onda é uma onda lendária em Santa Catarina. Antes da construção dos molhes, em dias de lestadas com vento sul, as ondas entravam limpas atrás das pedras e vinham abrindo uma direita de classe internacional. O antigo shaper Fernando Muniz, o popular Marreco, imortalizou esta onda em um filme caseiro que mostra a alguns amigos, ou visitas importantes.

Em dias de mar grande como hoje, eu somente consigo surfar ondas maiores nos molhes da Barra. Razão, não tem muita explicação, mas diria que é algo sentimental, uma vez qaue aprendi a surfar ali nas marolas da Barra e aos poucos criei coragem para ondas mais empinadas e, finalmente consegui surfar uma onda, que foi a maior que já surfei, ali mesmo nos molhes da Barra em uma lestada em um 2 de fevereiro anos atrás.

A direita lendária nos Molhes da Barra da Lagoa mostra sua graça mesmo com vento maral

Hoje o vento era maral e as ondas estavam mexidas. Mas isto não tirava o charme da onda, como comprovavam os vários parceiros do surf na água. Após um aquecimento e alongamento, estava pronto para a brincadeira e fui aos poucos entrando pelos molhes. Remei em seguida para o outside atrás do farol com listras verdes e tentei me posicionar no pico. Não eram muitas pessoas, mas o time de ansiosos era grande o suficiente para dificultar a brica pelas ondas gordas que chegavam a intervalos longos de espera.

Presenciei algumas belas performances de surfistas anônimos que vinham lá de trás das pedras em direitas lindas mesmo com as condições prejudicadas pelo vento maral. O emocionante de estar lá fora no outside em dias como o de hoje e que a gente vê os meninos droparem e vir fazendo as direitas com ângulos que somente podemos ver em revistas, filmes ou, estando lá lo local da ação.

As ondas estavam gordas e não era fácil entrar nelas. O posicionamento não era muito fácil, mas mesmo assim consegui surfar uma direta gostosa e voltar alegre para casa e me inspirar para contar isto a vocês..

Sunday, May 14, 2006

DIA DAS MÃES NA ÁGUA

Sozinho em casa, resolvi cortar a grama, dar uma geral no quintal. Liguei para o Rocha (3221 6899) que narrava as condições do dia. Após várias semanas sob um vento sul intenso e um swell passando ao longo da costa catarinense, hoje o Rocha contava que o vento estava de oeste moderado, a água clarinha, a temperatura do ar estava fria e, o mais importante, as ondas estavam na faixa de meio metro com series maiores. As maiores vinham alinhadas, mas as intermediarias davam condições “para o nosso esporte” e iria melhorar com a “enchente da maré cheia durante a tarde”.

Ao meio dia, preparei minhas tralhas e fui para a Joaquina. Ao chegar no topo do morro da Lagia da Conceição podia ver a serie alinhada espumando o outside. Ao lado das dunas podia ver a serie entrando atrás da Careca e fechando em seguida.

Já no estacionamento, podia ver as diretinhas entrando no meio da praia e uma galera de plantão no outside. Em poucos minutos troquei de roupa e vesti meu longjohn surrado de guerra e coloquei meu gorrinho de neoprene. Por que?? Ora bolas, após os 50 temos de cuidar da carroceria. Poucos dias atrás estava um calor danado. Agora temos este friozinho que molhado fica mais chato.. facilitando a gente sai com dor de ouvido. Frescura? Não estou nem ai.. Coloco meu gorrinho e vamos para a água..

Alongamento, olhando o outside para entender um pouco a mania das ondas hoje. Realmente, a maior da serie fechava mesmo, mas tinham muitas direitinhas e esquerdas bem surfaveis na praia.

Remei para o outside, etapa importante na missão do dia – dar uma boa remada. Chegando la fora, estava uma galera curtindo as direitas. Um grupo etava concentrado justamente onde a direita abria mais. Ficar grudado no povo não e comigo.. Fiquei mais para a esquerda deste grupo e, aos poucos fui sacando as ondas e como elas vinham e o que acontecia quando elas tocavam na bancada. Notei que as maiores fechavam mais porque encontravam uma bancada rasa no outside e abraçavam este banco de areia. Já onde estava a galera apinhada, a onda abria porque tinha um buraco a esquerda do banco por onde ela ia abrindo.

Paciência, estava muito apertado por la.. Esperei um pouco e peguei uma diretinha das intermediarias.. Como fazia já umas semanas que não surfava, o drop foi desajeitado. Meio que vertical e não ao longo da parede.. mas consegui, finalmente colocar a prancha na parede e deslizar um pouco nesta ondinha..

Missão comprida.. Trabalho por fazer em casa.. Tinha de atualizar o blog da Montanha Viva e outros trampos..

Monday, April 24, 2006

CAMPECHE VIVO E ARISCO

Falei ontem que o Campeche é uma onda temperamental, mas após 24 horas no dia 24 de abril que surpresa!!! O Rocha dizia que o mar estava STORM com ondas de 2-3 m alinhadas na Joaca e Mole.. Quando o Rocha diz que as ondas estão com 2-3 metros, podem crer que o bicho está pegando.

Nestas condições, o destino não é a Joaca, mas sim o Campeche. O Campeche reúne uma condição de fundo e posição geográfica onde a onda STORM corre enviasada a bancada. Assim a onda vem com força e vai se abrindo lentamente pela bancada.

Na real, hoje este ensaio corre por conta das fotos que falam bem melhor...





Sunday, April 23, 2006

CAMPECHE, UMA ONDA TEMPERAMENTAL

Hoje, domingo ensolarado, dia maravilhoso para sairmos pela ilha em busca de emoções. Liguei ao velho Rocha de Guerra, que foi logo dizendo que o mar teve um reação em relação a ontem: “....ondas de meio metro com series maiores..As maiores estão alinhadas e fecham, formando tubos nos meio de praia..vento de oeste a noroeste..temperatura da água muito boa...”

Onde ir?? Ondas alinhadas não me motivam muito hoje em dia, mas queria trazer noticias ao amigos do VOCE NA ONDA.. Sai de casa, pensando onde ir.. As informações do Rocha me inspiraram para ir conferir a lendária onda do Campeche. Estaria ela acordada neste domingo ensolarado??

Tomei a Beira Mar Sul e fui de vagarinho admirando a Serra do Tabuleiro no outro lado do mar. Sua beleza é impar. Podia ver as marcas das pedreiras nas encostas do Pico do Cambirela mostrando que a ambição continua viva e que nossos órgãos ambientais aida permite o funcionamento destas em pleno Parque Estadual da Serra do Tabuleiro (visitem nosso blog www.mataatlanticasc.blogspot.com onde temos mais informações sobre isto).

Aos poucos fui chegando no estacionamento da Praia do Campeche. Estacinamento lotado. Será que a onda está em ação hoje? Deixei meu carro e caminhei até a beira da praia para ver o que estava acontecendo no mar.

Realmente é uma onda temperamental. Ou então a ondulação não estava com a pressão necessária para dar aquela impressão de JBay catarinense – uma das melhores ondas do Brasil. Sim, tinha na água uma galera compenetrada, mas a onda estava, como diria o Rocha “com meio metro e series maiores..” Uma diferença, ali no Campeche elas não estavam alinhadas. A onda vinha de sul e pegava a bancada enviasada, possibilitando que a onda fosse se abrindo aos poucos...Ah! se estivesse maior!!!!


Pequena, mas clássica.

Voltei ao carro e segui pela rua paralela a praia ate próximo ao palanque da Associação de Surf do Campeche. Sai do carro e subi uma duna com vista ao mar..


Imaginem ela maior!!!

Que visão!!!! Ondas maravilhosas de meio a um metro entrando suavemente na praia.. Para a tristeza da galera que estava posicionada no local dos dias clássicos, as ondas não entravam ali com a forca que estava entrando umas centenas de metros mais ao sul. Sim ali ao sul do palanque estavam entrando umas series bem razoáveis e, como não dizer? Não e uma onda clássica, mesmo em dias pequenos???

Friday, April 21, 2006

UM POUCO DE HISTÓRIA – RESSACA DE 2 DE FEVEREIRO DE 2000


Ressacas ocorrem sempre na costa de Santa Catarina. Agora as ressacas de leste – as LESTADAS, como dizem os pescadores da ilha, não são tão comuns assim. Para melhorar esta afirmação, diria que lestadas que entrem perfeitas na costa da ilha, com pouco vento, e com a direção deste sendo terral, são mais incomuns ainda.

LESTADAS com vento sul entram muito bem na Barra da Lagoa. A pressão destas lestadas pode ser apreciada quando passamos pela Praia Mole, vindo do Centrinho da Lagoa. A gente desce o morro pela estrada que leva das Rendeiras ao norte da ilha, passando pela Mole. O visual no canto sul da Mole e épico nestas datas. As ondas se formam intensas e poderosas lá nas pedras na ponta sul da Mole. Ondas de bom tamanho que já foram fotografadas pelo Basílio Ruy e avaliadas por este como tendo oito pés havaianos.

Com estas imagens na cabeça, vale a pena conferir os molhes da Barra da Lagoa.

Foi isto que eu fiz na tarde do dia 2 de fevereiro de 2000 – Dia de Nossa Senhora dos Navegantes. Por que a tarde? Este é um detalhe importante, pois a maré cheia ocorria a tarde naquele dia. Com esta maré as ondas que entram possantes nas pedras do canto direito da Barra da lagoa, vem a uma velocidade assustadora, com o lip mostrando ao que elas estão vindo. Com a maré alta, a onda passa sobre o canal da Barra e levanta um pouco. Para os novatos, a impressão é que a onda fecharia ao tocar na bancada em um gigantesco cachote. Acontece que, com a maré alta a onda entra perfeita abrindo numa direita que é élendária na ilha.

Cheguei, naquela quarta feira, logo apos o almoço no estacionamento da Pousada 32. Antes mesmo de chegar e estacionar, já pude perceber que algum grande evento estava acontecendo, a julgar pelo grande movimento de gente. A galera se vestindo, colocando seus longjohns, passando parafina nas pranchas – que eram grandes, algumas guns. Desci do carro, coloquei a roupa de borracha, preparei minha 7.0 e comecei a ir para a areia.

Vocês devem estar se perguntando: por que roupa de borracha em pleno fevereiro de Floripa??? Acontece que em LESTADAS, a água esfria muito, ficando gelada as vezes. Muitas pessoas que vem a turismo para Floripa se referem a Joaquina como uma praia de águas geladas. Isto é devido a coincidência da chegada das lestadas e das águas frias.

Da praia pude ver a maravilha do visual. Ondas maravilhosas vindo lá de trás das pedras, passando pelos faróis de sinalização dos pescadores sobre os molhes e se abrindo logo em seguida em longas paredes de águas escuras. A galera se esbaldando descendo as ladeiras e percorrendo grandes distancias pelas paredes.

Após um bom aquecimento e alongamento, comecei a entrar no mar pelo canto dos molhes, onde a entrada no mar era mais tranqüila e segura. Chegando no outside, vi um bom numero de surfistas aguardando as ondas. Muitos se concentravam junto aos molhes. Outros bem ao fundo, próximo a ponta das pedras no canto direito. Percebi imediatamente que o lugar para pegar as ondas da serie seria mais ao fundo. No canto junto aos molhes, a onda era mais curta, enquanto que a onda que passava pelo canal e ingressava ba bancada em frente a praia, abria uma direita muito longa. Notei que uma onda grande – da serie – levantava no canto da pedra e engordava ao passar pelo canal, vindo a formar novamente ao passar por esta. A primeira vista parecia que seria um caixotão, mas ela abria.

Comecei a remar quando uma destas ondas erguei-se após o canal. Não precisei remar muito para sentir que estava na onda. Com o bico da prancha vi como eu estava alto sobre esta onda. Via os demais surfistas bem de cima. Deveria ter uma parede com mais de 2 metros (sei que isto gera contorvercia, mas era esta a impressão antes do drop).

O drop foi longo, semi-vertical e muito veloz. Dei o “botton-turn” ao estilo clássico “Jorge Curren” a todo custo. Estava posicionado sobre a prancha como o lendário “THE BULL” e o Carlos Burle. Estava como um caranguejo na prancha. Isto dava uma grande estabilidade. Minha 7.0 quicou muito ao descer a ladeira. Corri pela parede desta onda fantástica até em frente a guarita dos salva vidas. A parede ao meu lado era alta, bem mais alta que eu. Minha prancha vinha veloz e fazia um ronco com a quilha.

Esta onda terminava em um caixote que evitei saído pelo quebra-coco. Muita adrenalina e uma satisfação incrível.

Isto tudo aconteceu aos meus 48 anos!!!

Tuesday, April 18, 2006

FLORIPA SOB UM VENTO SUL FORTE – OPÇÕES?

O vento sul forte associado a uma ondulação de sudeste com influência de sul não oferece boas condições de surf em Floripa. Por que? Em geral, sob estas condições teremos ondas de bom tamanho, mas alinhadas, desajeitadas e fechando.

Anos atrás eu costumava varrer as praias do leste da ilha em busca de ondas. Ia inicialmente a Barra da Lagoa. Ao passar pela Praia Mole via ondas de bom tamanho, mas alinhadas e fechando. Escolhendo muito apos um bom tempo de espera até que se consegue uma parede. Mas com o frio não compensa esta espera toda. Com esta perspectiva, seguia até meu destino final – Barra da Lagoa.

Chegando na Barra da Lagoa, minha frustração aumentava ao deparar com ondinhas mixurucas de meio metro também fechando.

Outra opção seria ir até o Matadeiro. O caso é que com uma ondulação de sudeste com influencia de sul a situação não mudava muito. Ondinhas sem graça fechando.

Conclusão: Floripa não oferece boas condições “para a pratica do nosso esporte”, como diria o Rocha.

Que fazer? Ler, caminhar, correr, nadar, o que pintar na cabeça..
Eu ficava olhando as vagas passando la no horizonte.

Falando em vagas, estamos em período de espera para o do primeiro campeonato brasileiro de ondas grandes, o Mormaii Tow In Pro, na Laje de Jaguaruna, Santa Catarina (15 de abril ate 1 de maio – maiores detalhes http://waves.terra.com.br). Acontece que se o vento continuar neste ritimo, estará complicado la na Lage de Jaguaruna. Em todo o caso, lá o povo fica bem na frente das vagas, das ondonas que estão passando.

Já o povo no Rio está vendo estas ondonas bater nas praias, causando ressacas como vi hoje nos jornais..

Monday, April 17, 2006

FRENTE FRIA CHEGANDO 17 DE ABRIL

Amigos, mais um frente está em operação sobre SC. A ondulação é de sul e, segundo o “olheiro” Rocha (48 3221 6899), em seu terceiro boletim do dia, não subiu como o esperado. O vento sopra de sul moderado a forte está com 1 metro e series maiores. Isto merece um comentário, pois se a ondulação e de sul e o vento de sul forte, a ondulação não levanta o esperado devido ao vento maral. Outro ponto a se considerar é que as ondulação de sul não entra bem na Ilha de Santa Catarina.

Lembro que em anos passado, com uma ondulação de sul bem volumosa, ia até a Barra da Lagoa e via umas merrequinhas sem graça. Olhando para o horizonte, podíamos ver as vagas passando ao longo da costa. Esta ondulação entre de frente na costa norte de São Paulo e Rio de Janeiro.


Frente fria em deslocamento (http://www.cptec.inpe.br/tempo)

Olhando a imagem do Inpe (http://www.cptec.inpe.br/tempo/) podemos ver a frente fria passando sobre o sul em direção ao sudeste do Brasil. Podemos ver também outra frente em ação no sul da Argentina.

Pois é amigos, está iniciando a temporada das ondas de verdade no sul e sudeste do Brasil. O swell do ultimo 9 de abril já nos oferece uma idéia do que está por vir.

Saturday, April 15, 2006

JOAQUINA NO INICIO DA TARDE COM VENTO SUDESTE


Dias atrás presenciamos uma Joaquina nervosa com ondas acima do 1,50 m. Hoje amanheceu com um vento oeste e ondas com meio metro com series maiores – na linguagem tipica do Rocha (32216899). Ao longo da manhã o vento mudou para sul fraco a moderado, deixando as ondas mexidas e desalinhadas. Onde ir?

Inicialmente pensei em ir a Mole e pegar as ondas do canto direito, que fica mais abrigado do vento sul. Normalmente rolam ali umas ondinhas legais nestas condições e bem melhores que as instáveis ondas da Barra da Lagoa, ou ainda as merrecas fraquinhas no Matadeiro, sem contar a distancia e o gasto com o combustível.

Ao chegar na Lagoa da Conceição, o vento já tinha mudado. No inicio da tarde, o vento já soprava de sudeste. Decidi então rumar para a Joaquina onde as condições gerais são melhores do que em qualquer praia da região.

Estacionei o carro e fui olhar as ondinhas mais de perto e bater umas fotos para vocês verem com seus próprios olhos. Olhem só esta esquerdinha entrando por trás da Careca e armando no inside. A galera estava se divertindo nesta onda.


Esquerdinha na Careca


Direitinha entrando

Olhem a direita entrando no meio da praia. Ah se tivesse um maior tamanho e o vento soprasse de nordeste!!! Ela entraria clássica naquela bancada, como uma vez que estava lá e o tamanho estava ao redor de “1 metrão”. Eu remava la de baixo na direção da Careca quando vi uma direita servida se aproximando. Ela já mostrava seu ombro liso vindo em minha direção. Acreditei nela e remei com vontade. Coloquei o bico da prancha ao longo da parece em cima da onda. Naquele momento vi que a onda era maior que imaginava, pois eu estava dropando do alto e a base da onda estava laaaaa em baixo. Dropei suavemente e dei um clássico e inacreditável “botton turn” na base da onda no estilo “Jorge Curren”. A parede da onda estava ao meu lado e ela foi se transformando em uma rampa de prazer e velocidade. Esta rampa era diagonal e era lisinha. A água era um azulado lindo e eu foi indo suavemente até o inside. Sai da água em seguida. Pensei comigo: ninguém vai acreditar se eu contar!! Mais uma historia de surfista velhote!!
Para a minha surpresa, meses mais tarde, estava surfando na classica direita dos molhes da Barra da Lagoa, quando um cara mais velho parado em sua prancha começou a falar comigo. Dizia: “e aquela direita la na Joaca??...Era uma bela onda, ne?? Grande, né?” Enfim, uma testemunha que assistiu minha performance de gala na Joaquina!!! Foi minha consagração.

Voltando as ondinhas de hoje, entrei na água e fui para a Careca. Tinha um povo desfrutando daquela esquerdinha linda e desajeitada. Esperei um pouco e remei para uma da serie que entrava. Dropei na esquerdinha e fui até perto da areia. Show de bola!! Já podia voltar para casa feliz!!

Depois as ondas foram aos poucos perdendo força, ficando mais gordas e mais desajeitadas com o vento sudeste mais intenso.
Mas voltei para casa de cabeça feita!!!

Wednesday, April 12, 2006

APRENDENDO A SURFAR - O INICIO DA MINHA HISTÓRIA NO SURFE

Conheci uma menina chamada Ana em janeiro no meio da Joaquina. Ela estava lá no outside. Notei que ela entrava meio estabanada na onda e acabava caindo da prancha. Ela estava aprendendo a surfar. Comecei a conversar com ela, trocamos e-mails e o texto abaixo é parte de uma mensagem que escrevi a ela contando como eu iniciei a surfar quando estava com 40 anos.
Segue a carta a menina:

Ana:

Andei pensando sobre o seu aprendizado de surfe.. Sabe, fiz parecido. Como te contei, um dia decidi que queria surfar e sai pelo centro. Comprei uma prancha usada 6.0 e um long amarelo de manga curta. Imagina só o visual. A prancha era também amarela.. Fui logo para a Praia Mole e me joguei ao mar.. Muitas vacas e inúmeros sustos. Uma vez o mar estava grande na Mole e nao tinha muita gente. Cheguei e fui logo me trocando. Chegaram uns caras que foram logo para o mar. Fui atrás e aos poucos passei a dificil rebentação.. Lá fora só via os "vagalhões" passando.. Os outros caras me disseram:"o amigo varou bem a rebentação!!!!' Fiquei bobo - literalmente, pois em seguida veio uma ondona e ninguém remou nela.. Eu remei!!!! e...a queda foi de uma altura grandona.. Cai num buraco negro.. e fiquei... fiquei.. tempo em baixo dágua. foram segundos, que para o meu relógio assustado foram horas submerso .. não adiantava eu fazer nada que de dada adiantava.. Ficava ali rodando, rodando, sendo jogado pela onda.. Ai veio outra e...tudo de novo..

Passei um ano e meio nesta mania louca de achar que aprenderia assim.. Até que um dia caiu a ficha e eu fui ate a Barra da Lagoa, onde os meninos aprendiam na espuma.. Sabe de uma coisa?? Aprendi assim nas espuma.
passei semanas “jacareziando” pelas espumas da Barra.. Um dia foi inesquecível. Foi quando eu deslizei em jacaré certinho pela parede da onda. Foi show!!!
Outro dia, semanas após.. consegui subir de joelho na prancha e deslizar acocorado!!! Show novamente.. dai a ficar em pé foi rápido!!!

Então voltei a Mole.. eram esquerdas e mais esquerdas e eu surfo de costas para as esquerdas. Mas aprendi com as esquerdas de costas para a onda... Logo fui a Galheta e ai um universo novo se abriu.. passei um bom tempo na Galheta e na barra.. Iá as vezes ao Matadeiro, que é uma excelente praia em dias de vento sul e ondas de sudeste/leste.. Mas lá entram ondas enormes em dias de Lestada.. Uma vez estava lá em uma manhã escura no meio de uma chuvarada e vento sul frio.. Varei a rebentação facilmente (desconfia disso quando o mar da moleza..que tem surpresas).. As ondas estavam grande para mim (1 metrão para mais um pouco). Veio uma esquerdona e eu remei e acertei... deslizei ela até a areia.. Em vez de me contentar com isso, remei de volta para o mar e......vinha uma serie enorme que me pegou de jeito.. Fiquei preso em baixo dágua umas duas- tres ondas!!! Cheguei a pensar que ia me afogar de tamanha angustia a aflição lá em baixo... Por sorte a própria onda me jogou fora para o razinho e pude sair.. deitei na praia assustadissimo!!!

Apos isto fui adquirindo confiança e respeito pelo mar.. Nunca mais fiz besteiras.. E descobri finalmente a “mais mais” das praias da ilha - a Joaquina, ou a Joaca para a gente.. Ali a gente pode desenvolver o surfe que as ondas são muito boas..

Aos poucos vou contar que também se inicia a surfar após os 40, afinal não se diz que a vida começa nesta idade??
TAMANHO DAS ONDAS NA JOACA NO DOMINGO 9 DE ABRIL

As imagens ilustram o tema do dia. Qual o tamanho das ondas durante o swell do domingo 9 de abril ultimo?



Olhando o surfista (será o Flavinho Vidigal este cara??) remando para a onda, podemos ver ele entrando na onda e na imagem seguinte vemos o cara já em pé descendo a onda.

Considerando que o cara deve ter 1,70 (se for o Flavinho deve ser um pouco mais) e observando que ele ainda esta na metade do drop, notem a linha na base da onda e as linhas no surfista. Notem também a linha acima da cabeça do surfista mostrando a altura do lip da onda. O Rocha anunciava: “galera..as ondas estão com 1 metro e algumas chegando a 1,50!!!”



Inicio a velha polêmica sobre onde se mede o tamanho da onda. Até poucos anos atrás o povo usava o estilo havaiano de medir as ondas – por detrás da onda. Ai quando os caras estavam descendo ondas de 20 pés “havaianos”, a parede da onda deveria ter quase que o dobro do tamanho.

Como viram acima, menciono pés havaianos entre aspas, significando que tem também pés de outras origens, tornando um tanto quanto complexa esta medida. Mas voltando ao tema central deste ensaio – o tamanho da onda, a onda que o “possível” Flavinho Vidigal está dropando deveria ter bem mais que 1,50m, seja medido atrás, ou na frente da onda.



Temos ainda a imagem de um cara que levou uma bela vaca ao tentar dar um joelhinho na passagem da onda, que o pegou e segurou o cara embaixo dágua por um tempo. Essta vaca ilustra bem a razão do amarelamento de uma grande parte dos surfistas que ficaram olhando as ondas de fora naquele domingo.



Ficaram admirando a perfeição das ondas naquele domingo fantástico. Admirando personagens como o outro Surfista Não identificado completando o drop na direita de respeito.

Monday, April 10, 2006

MATADEIRO NA SEGUNDA FEIRA..

Após ficar somente olhando as ondas perfeitas do domingo 9 de abril último, resolvi tirar a forra na segunda. Não podia ir a praia pela manhã devido a compromissos. Após o almoço ligo para o velho Rocha (32216899) para ouvir seu relatório sobre as condições do mar. Dizia ele, “o mar diminuiu em relação a ontem, mas ainda temos um metro com series maiores mais demoradas...o vento sopra do quadrante sul..a temperatura da água está boa.. a maré será cheia as 13hs..”

Vento sul.. Onde ir? A Barra da Lagoa seria um dos locais apropriados, mas minha experiência dizia que seria uma roubada ir até lá e pegar um monte de ondas fechando. Onde então? Normalmente gosto de ir ao Matadeiro nestas circustâncias. Vamos para lá então.

Passando pelo Morro das Pedras dei uma olhada no Panelão que apresentava uma condição razoável com ondas de meio a quase um metro na seria. O outside estava vazio. Olhando para o sul, vi espuma na ponta do Matadeiro, indicando que tinha ondas entrando na praia. Continuei a viagem até a Armação.


Esquerda no Caldeirão já mostrando o mar diminuindo.

Estaciono o carro e vou até os molhes olhar as condições in locu. O mar estava mechido, mas tinha uma galera pegando umas boas ondinhas. Neste meio tempo passa uma loira por mim e se posiciona nas pedras dos molhes e fica a olhar as mesmas ondas que eu olhava. Iria ela surfar? No momento que a vi, Vinicius e Tom Jobim invadiram minha mente com sua clássica “Olha que coisa mais linda...mais cheia de graça. É ela menina que vem e que passa..” A loira do Matadeiro estava arrazando com seu charme por sobre as pedras, caminhado descalça.


Loira do Matadeiro lembra Vinicius e Tom Jobim..

Após alguns minutos, estava eu entrando na água com minha Avelino 7.0 amarela. O mar não estava grande de forma alguma, mas era ela que me levava ao pico. Mar mexido, galera simpática na água. Beleza surfar com pessoas educadas. Aguardei um tempo estudando as series entrando e o tipo de ondas. Eram ondas safadas, daquelas que enganam a gente. Vemos ela se aproximar e, de repente esta sobre nos.



Apos um tempo, veio uma direita e eu remei para ela. Ela veio com forca e entrei no ombro da onda. Olhei a parede se abrindo e comecei o drop que foi liso e perfeito pegando a parede e fui deslizando ate o inside.. Valeu a tarde esta direita. Tinha acho que um metrão e eu fiquei menor que ela na descida...

Sunday, April 09, 2006

JOAQUINA BOMBANDO – 9 DE ABRIL CLÁSSICO

Domingo amanhece com céu azul sem vento. Ligo o 32216899 e escuto o Rocha com seu Surfe report matutino: “Bom dia galera...ondas na faixa de 1 metro com series maiores...o mar ajeitou e as ondas estão abrindo para os dois lados...Hoje e dia de trazer sua prancha maior e uma cordinha mais grossa...vale a pena vir a praia...”
Como alguma coisa, pego minha Avelino Bastos 7.0 amarelona e coloco na garagem. Pego meu short john e uma laicra manga longa – sei que a água uma beleza, mas prefiro uma roupinha para ficar mais avontade sobre a parafina na prancha.. Quem tem peito e barriga peluda, não combina com a parafina..
Coloco tudo no carro e rumei para a Joaquina – minha praia preferida. Ao chegar no alto das dunas, já vejo a serie entrando no canto da praia. Era uma serie com bom tamanho. Chego no estacionamento e uma galera já esta se preparando para o dia de gala.
Queria antes tirar umas fotos para mostrar para vocês – ficaram legais, não acham?
Subo nas pedras no canto da praia e vejo uns poucos surfistas bem no outside esperando a serie entrar. Olhando na direção sul, podia ver ondas pela praia toda.


BOM DIA JOAQUINA..A SERIE ESTÁ ENTRANDO!!!!

Uma serie entra no canto e os caras remam para a onda. A onda começa gorda, o drop não e difícil, mas ela segue na direção da areia, passando pela careca, onde começa a cavar exigindo mais surfe no pé.


SNI dropando uma esquerda..

Após um tempinho batendo fotos, fui para o carro apanhar minhas coisas e ir pegar minhas ondas. Minha idéia era ir mais ao meio da praia, onde as ondas estavam um pouco menores.
O problema maior para um surfista 50tão que inicio meio tarde na arte de surfar é que fica devendo braço na hora da remada em um mar maior, principalmente quando tem uma bancada mais rasa no meio da praia e as ondas quebram no fundo mais raso. Isto gera um cachotão meio barra pesada, considerando que a gente pode estar justamente onde a onda quebra.
Resultado: um lento amarelamento da vontade de entrar no mar. Fiquei olhando por um tempo e fui ficando com mais medo de levar na cabeça.


Uma boa remada para passar o "quebra-coco"..

Ao retornar ao carro, encontro um velho parceiro de ondas que pergunta como estava paara entrar no mar lá embaixo. Descrevo os cachotes e ele reconsidera sua ida ate lá. Decide tentar entrar ao lado da careca, mas antes comenta seu receio de levar na cabeça as ondas.

No estacionamento, encontro outro conhecido olhando as ondas de longe, com sua prancha ao lado do carro. Também estava ele meio que na duvida. Em seguida chega outro amigo dele que faz um comentário engraçado:”tudo tem limite....imagina levar uma vaca nestas ondas..”

Enfim, vários amarelaram neste dia clássico.
Concidentemente, a minha prancha e a do cara no estacionamento eram...amarelas!!

Friday, April 07, 2006




ONDAS NO SANTINHO

Ingleses, dia de sol, inicio do outono e uma ondulação de sudeste bate na costa de Floripa. Uma galera curtia as esquerdas que rolavam.
LOCALISMO NA JOAQUINA

Em 13 anos de surf nas praias de Florianopolis nunca havia sido vitima do tão falado localismo da Joaquina. No ultimo domingo sai cedo de casa para pegar umas ondas na Joaca. O mar estava lindo, verde, água cristalina e uma temperatura agradável. Cheguei no estacionamento e já encontrei o Perdigão, freqüentador constante da praia e o Marcelo, surfista antigo da região. Todos rapidamente se preparando para as sessões de surf.

Já paramentado, rumei a praia. Normalmente evito a região da careca devido ao grande numero de surfistas que se concentram por la, seguindo para o meio da praia, onde costumo pegar minhas ondas. No caminho encontro com o Shaper consolidado João Schiligman pronto para testar mais uma de suas invenções. Trocamos umas palavras e, após uns alongamentos fui para a água.

A temperatura da água estava perfeita. Poderia tranquilamente “cair no couro” como dizem os parceiros da água. Lentamente comecei a remar rumo ao outside. No caminho escuto um cara gritar para mim:”..estava conversando com aquels caras?” Não tinha visto ninguém, mas ele insistia:”..seu haole..vai saindo daqui já..”

Sim, estava eu tendo minha primeira experiência de localismo na praia onde aprendi a surfar 13 anos atrás. Não admito localismo e fui logo dizendo uns desaforos ao cara, pois na minha idade (53 anos bem vividos) não tenho mais paciência para lidar com este tipo de desacato. Um outro parceiro deste local fora de local (nunca tinha visto os caras na região nestes anos todos..) interveio tentando amenizar as coisas. Mas o anterior continuo a sua demonstração de bom uso do nosso vernáculo.

Fui lentamente me afastando dos dois. No caminho cruzo por outro membro da gangue de trogloditas que veio me agredir fisicamente com sua prancha. Felizmente não fui atingido. Não dei atenção (fora uns bons desaforos como elogiar a ilustre mãe do cara por ter dado a luz ao mesmo) e me afastei indo me juntar a um grupo maior onde estavam conhecidos.

Neste momento rolavem umas direitas bem aprumadinhas com “meio metrāo” e algumas pouco maiores. O Perdigão e o Marcelo estavam pegando todas as direitas. Numa destas sobrou para mim. Remei com força e vontade para a onda que vinha vindo. Dropei e peguei a rápida parede que foi logo fechando. Valeu a manhā esta onda surfada. Levei uma vaca boa em outra e acertei uma esquerda a seguir.

Enfim, curti umas boas ondas e já não lembrava mais dos trogloditas que contin uavam sozinhos mais ao sul do nosso pico.

Localismo e um comportamento inaceitável. Existe mundo a fora, fato que não o justifica. Ninguém e dono do mar, das ondas e sabemos bem que existe espaço para muita gente na Joaquina. Dias seguintes soube que os localistas acima fazem parte de um grupo de bandidos do Rio Tavares que volta e meia deixam sua sina de bandidagens urbanas para invadi a nossas praias.